terça-feira, fevereiro 21, 2006

IMPESSOALIDADE

Sento-me numa cadeira igual a todas as outras
As costas contra a parede fria...
Numa mesa igual à do lado pouso o cotovelo e olho em redor
Dou um gole amargo de café, acendo o primeiro cigarro do dia...

O olhar percorre a envolvente e faz-me sentir sozinho
Vejo tantas faces, mas nenhum rosto...
Cada face fala alto ao mesmo tempo da do vizinho
E torna-se imperceptivel o que dizem...ouço apenas um burburinho...

É como naufragar em mar alto,
podemos gritar e chorar...de nada vale se estivermos sós...
Ter um pesadelo e acordar em sobresalto
Ou morrer durante o sono e só várias horas depois darem por nós...

Os peixes fazem cardumes
e as aves protegem-se em bandos...
O que vejo aqui são várias manadas
e os renegados aos cantos...

As faces sem rosto confundem-se dentro dessas manadas
Quando um se ri todos dão gargalhadas...
Quando um chora...
Quando um chora todos se vão embora...

E depois já consigo reconhecer
Já há expressão naquele rosto
Mas o inverso não está a acontecer...
Pois ninguém vê este meu rosto...aqui a um canto posto...

2 Comments:

Blogger Principessa said...

clap clap clap

gostei muito. Taciturno... mas dizem que assim é a boa poesia...

8:15 da tarde  
Blogger Visconde said...

Não está nada mau, mas anima-te amigo, tristezas não pagam dívidas ...
Grande abraço

3:02 da manhã  

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