quarta-feira, fevereiro 07, 2007

PEDRA QUENTE

Se eu fosse uma pedra, poderia estar à superfície ou centenas de metros enterrada.
Se eu fosse uma pedra não me poderia queixar à minha mãe, à mãe natureza, por haver pedras que nunca serão vistas e pedras que reflectem em si a resplandecente luz do sol. Na verdade, se eu fosse uma pedra nada sentiria…desde o baço basalto preto ao luminoso diamante…não me poderia sentir indignado por desde a minúscula bactéria à gigante árvore o poder fazer.
Se fosse pedra não poderia sentir o calor que a luz em mim provocaria…embora todos o pudessem fazer se me tocassem. A chuva que cai e a neve que flutua seriam nada para mim e muito para outros teus filhos, ó mãe natureza. Porque escolheste tantas virtudes a uns e nenhum sentimento a outros?
O que seria se fosse?...é algo que acompanha quem vive e sente…quem tem capacidade de imaginar e pressupor…o que seria se fosse?...
Não sou. Uma pedra. Nem uma árvore. Nem uma bactéria. Mas sou tão teu filho mãe natureza, quanto a pedra que posso pressupor que fosse. Eu sinto, eu penso, eu imagino…riu e choro…movo-me…sou assim. Tu és assim. Ninguém com o nome de alguém deixa de ser assim. Ninguém produto de dois alguéns deixa de ser assim.
Se não é uma pedra que dois a dois fazemos em conjunto contigo mãe natureza, e se até uma pedra existe porque existe e função ela tem mesmo sem a saber, então porque é que alguém teu filho, ó mãe de todas as mães, poderá nunca sentir o calor do sol na sua superfície se uma sua mãe tua filha assim o entender?...

6 Comments:

Blogger Principessa said...

«porque eu, como Mãe Natureza, assim lhe dei [a essa mãe] o discernimento e o direito de decidir»*


* pseudo afirmação de uma pseudo mãe natureza. Eu cá não sei de nada... ;)

7:14 da tarde  
Blogger lagarto said...

Exactamente. Ela dá-te o direito de te controlares a ti. De decidires o rumo da tua vida. Não te dá o poder de teres na mão a vida de mais ninguém.

7:31 da tarde  
Blogger Pandora said...

Poder de decidir até que dá... Mas, juntamente dá à consciência o peso para o resto da vida. Nenhuma mãe que o faz, iliba-se deste karma.

Nunca é fácil para uma mulher fazê-lo. Imagino que deva ser um fogo cruzado (auto-flagelação/ medo/ dor da perda/ impossibilidade de levar adiante/ tormento/ inseguranças mil).

... A mãe natureza (irrepreensível como sempre) oferece o reverso da medalha -isso é o que lei humana alguma pode despenalizar- Por que então, castigar duplamente?

1:56 da manhã  
Blogger poca said...

bem... que maneira de por as coisas! lindo o teu texto... tocante...

5:54 da tarde  
Blogger lagarto said...

se a lei da natureza fosse assim tão forte ninguém teria mais medo da prisão do k do remorso...

8:24 da tarde  
Blogger Pandora said...

Creio que não se tenha mais medo da prisão que do remorso. A prisão é lei dos homens, mas pode não dura eternamente, já a da mãe natureza...

2:32 da tarde  

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