terça-feira, março 20, 2007

A MÃO QUE TE BATE E TE CONSOLA

Se houvesse algo que simbolizasse a vida esse algo seria o vento.
Tocante a todos por onde passa, sopra quente de êxtase e alegria ou frio de mágoa ou tristeza. O vento sopra e assobia como se raiva sentisse, verga árvores como se vergam vidas. O vento amaina em brisa como uma existência de acalmia consoladora, como uma mão que nos passa no cabelo no tempo de bonança depois da tempestade. O vento molda o feito e trajectória das gotas de chuva, como as lágrimas na vida são moldadas pelas curvas de cada rosto.
Se dúvidas houvesse de que o vento simbolizaria a vida, posso dizer-vos que ele existe mas somente se vê nas reacções físicas daquilo que o rodeia…

quarta-feira, março 07, 2007

ASAS DE FERRO

Um dia, ao passear pelo campo, apaixonei-me por uma borboleta. Mais do que gostar de a olhar, gostava de a olhar enquanto voava em meu redor. A partir desse dia, todos os dias a ia contemplar, e todos os dias ela vinha voar perto de mim.
Um dia, farto de a amar e de a ver voar, quis levá-la para casa, para também lhe poder tocar.
Abri as mãos e jamais voou. Fiquei com o pó das suas asas nos meus dedos e ela ficou com umas asas belas e inúteis. Umas asas que nunca mais me permitiriam fazer aquilo que mais nela amava...vê-la voar.
Parada a meu lado, todos os dias me perguntava porque nunca mais sorria ao olhar para ela, e eu, sabendo que a minha felicidade era vê-la voar, apenas lhe conseguia dizer que a amava...