segunda-feira, fevereiro 22, 2010

FRANCISCOS

Portugal é um daqueles velhos de 70 anos que pensa ainda ter 30, toma um comprimido de viagra para dar uma queca, e tem um ataque cardíaco quando se vem… não sei se morre feliz ou não, mas dali também já não passa.


A democracia nasceu na Grécia antiga há cerca de 3000 anos e a mim parece-me que, não raras as vezes, é com esses 3000 anos de atraso que vivemos cá no Burgo. Ninguém realmente se interessa muito com isso, passámos de ditadura a libertinagem e coitados daqueles que ainda acham que alguma vez passámos pela liberdade democrática…não, não passámos. Mas como andamos todos muito contentes com as coisas novas da libertinagem esquecemo-nos por completo que liberdade é sinal de direitos e deveres. Deveres? Mas quais deveres? O pessoal gosta mesmo é de exigir e às vezes tenho pena de não termos um pouquinho mais de civismo e responsabilidade nórdicos…é que com este solinho faziam um país perfeito.

O 25 de Abril veio-se e o respeito pelos outros foi-se… o que era antigamente um país de Manéis, Jaquins e Antónios é hoje uma pretensa sociedade de Franciscos.

O Francisco invadiu as artérias do país como o fungo do pé de atleta invade a pele.
A “Chico-espertice” transborda e cada vez mais aquela velha conversa dos meus avós acerca do respeito que se tinha vai fazendo mais sentido. Temo que não haja grande cura se os pais de hoje não educarem os seus filhos com certos valores e não mostrem, quando vão a conduzir, que são capazes de pensar que fazem dos outros burros ao ponto de se meterem à parva à frente das pessoas que estão horas na fila…isto no trânsito ou em outras filas quaisquer. Nem nós somos tão burros nem vocês são tão Franciscos, e, normalmente, a Chico-espertice paga-se uns quilómetros mais à frente…tenham pelo menos atenção às crianças que carregam nos bancos de trás…

O Meu carro é muito velhinho, mas sempre fiel…se tudo correr bem terá o merecido descanso dentro em breve…e eu juro, mas juro mesmo, que já andei mais longe de o mandar para cima do próximo chiquinho que tentar reduzir a meia hora de fila a zero…é que já estive mesmo!


domingo, fevereiro 14, 2010

PAIRAM

Às vezes apenas tenho forças para ceder à vontade de chorar...desistir, palavra tão feia para o bem visto dos outros...nunca tiveram vontade de o fazer? Erguemos os braços dias a fio, punhos em riste para travarmos as lutas que se afiguram a cada rua da caminhada...e depois...depois há sempre uma altura em que tudo volta à estaca zero...tudo volta a ser jogado ao ar como pedaços de nada que se desvanecem no vento...

De que nos serve lutar pelo que amamos, pelo que queremos, pelas coisas pelas quais vivemos...se toda essa vontade se resume apenas e só, a uma boca mal medida sem sentido, mas que nos fere...nos magoa...nos mata pedaço a pedaço cada vez que é dita? Cada vez que é relembrada e nos faz cair na real notícia, de que, todos os gestos, acções, palavras, foram vãs...porque nos sentimos impotentes para conseguir fazer algo mais...e daqui a uns tempos, essa merda nos vai ser novamente lançada à cara, por mais amor que lhes dêmos...por mais miseráveis que nos sintamos por vermos que, realmente, pensamos que estamos a fazer tudo bem, e pelos vistos...não conseguimos mudar o que outra pessoa pensa acerca dessa coisa...



A vida é feita por vários pontos. Em cada ponto da nossa vida damo-nos conta de algo.

Aprendizagem. Crescimento. Sapiência. Experiência. Indignação. Resignação.

O ponto onde percebi que fui um grande cabrão vai muito, muito longe.

O ponto onde percebi que há cabrões a quem tudo corre bem e que há pessoas “santas” a quem tudo corre mal também já tem teias de aranha e borras no fundo.

O ponto onde percebi que era um cabrão a quem tudo corria bem tem já uma camada de pó bem espessa.

O ponto onde percebi que podia ser uma pessoa de valores, uma pessoa que não precisava de foder os outros para poder ser feliz, uma pessoa que fosse de cabeça limpa para a almofada e, acima de tudo, uma pessoa que se desse ao respeito para ser respeitada, “gostada”, amada, tem muito pouco tempo na linha que me conduz há 25 anos.

Hoje encontrei o ponto onde percebi que a validade das coisas é nula. Que as coisas azedam, apodrecem, decompõem-se de uma maneira desregrada… e que a cabeça vai para almofada limpa de mim, mas completamente suja de cabrões.

(escrito algures no tempo)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

H2Ó HOMEM ANDA LÁ COM ESSA PORRA PÁ FRENTE!


Um caminho que se faz em 45 minutos, já a contar com trânsito na ponte, demorou hoje 1h50 min a ser feito.

Fila desde o estádio Nacional na A5, completamente parada desde a saída para Linda-a-Velha, algumas 8 ambulâncias a passarem por mim na subida para Monsanto, um carro batido na ponte com respectivo reboque, três camiões parados na berma depois da ponte, uma mota toda partida e mais o respectivo reboque logo 2 kms a seguir aos camiões e mais um carrito "shuning" todo espatifado com um terceiro respectivo reboque, na saída do Fogueteiro.

Pessoal, agora a sério, a Chuva ( que isto hoje nem chuva foi de jeito ) é apenas água...nada mais que água... em vez de andarem a 120 andem a 100... em vez de irem em cima do carro da frente deem mais espaço... em vez de fazerem as curvas apertadas em 5ª façam-nas em 4ª ou 3ª que é para dar mais tracção que as reduções se fazem... MAS NÃO PAREM CARALH*! Façam isso tudo, mas não se ponham a olhar para a chuva como se fosse uma pandemia viral da qual é preciso fugir em pânico.

Não...não é mesmo preciso.

Eu tenho cá para mim que a chuva está para certas pessoas como a Lua cheia está para os Lobos.

Hoje, ao meu lado na fila, uma mulher mexeu mais de 50 vezes nas manetes do carro! Se calhar tem falta de homem, tudo bem, mas isso não justifica um comportamento daqueles...via-se que aquela coisa nefasta de nome H2O lhe estava a complicar bastante o sistema... ora mexia nas escovas do pára-brisas, ora mexia nos piscas, por pouco não abriu a porta quando apenas queria travar de mão...

... e juro... juro que por momentos, vi essa senhora quase a uivar para a chuva...