sexta-feira, abril 11, 2008

MORRE...E VIVE EM TUDO

O caminho que quero seguir não sei. Há tantos por onde prosseguir e nenhum que me agrade. Provavelmente teria de juntar vários dos existentes com prédios, calçada, árvores, pessoas, sons, texturas e outras coisas que agora me escapam, até conseguir formar uma avenida onde me sinta tão bem que nem tenha que a percorrer para chegar a algum lado.
Há um “dizer” popular que explica que “para se morrer só é preciso estar vivo”. Se os caminhos que existem são formados pelos modos instituídos de vermos as coisas tenho então cá para mim a ideia que vou ter de virar o Mundo ao contrário para que as direcções se mudem para algo mais apelativo.
Acho que vou antes começar a dizer que para se nascer só é preciso estar morto. Quero nascer, abrir os olhos de novo e descobrir as coisas de um modo diferente que ao longo dos anos forme um “EU” alternativo ao de hoje. Um “EU” que acumule, peça a peça, um saber que me faça ver soluções em problemas diferentes dos de hoje.
Porque o estar vivo não é respirar. É precisamente o contrário. Respirar é automático, nem nos lembramos que o fazemos. Estar vivo, sentir que se está vivo é suster a respiração e sentir que por mais um pouco podemos morrer. Estar vivo não é passar por um dia sem sentirmos que o coração bate. Estar vivo é ter uma dor aguda no próprio, sentir que, afinal, há alguma coisa por detrás do peito esquerdo.

Quero eu dizer que, se quero viver tenho de me sentir morto ou às portas da morte? Bem…se morto estiver nada sentirei…e um dia, depois da matéria viva invisível reduzir o corpo estagnado a carne podre, depois da água diluir os átomos do corpo que carrega o meu “SER” e os casar com os minerais, com o ar, com o universo…por obra ou acaso da lei que comanda a vida, tudo se juntará de novo para formar algo que respire mas do qual eu já não poderei ter conhecimento que existirá…nem ao qual poderei dar conhecimento de mim nem de que parte dele outrora me pertencera…a matéria é isto mesmo, fascinante…
Fecho os olhos, penso…posso ter em mim algo que foi de Reis ou simplesmente de algum rochedo que se tenha despenhado na terra por destino da força aleatória do universo.

Deito fogo a um cigarro. Desta planta que queimo pode fazer parte, digo eu, algum meu antepassado…que água regou isto que agora se esfumaça? Que matéria alimentou e se transforma agora em cinza? E no que se transformará esta cinza que perde agora água pelo fumo?

“Tu pertences a ti, não és de ninguém”…passa o “Nasce Selvagem” na rádio aqui do café. Que melhor frase? Só se fosse “tu pertences a tudo e tudo te pertence a ti”. Sim. Essa seria o ideal.

Só quero dizer que, para se nascer é preciso estar morto, porque quando te sentes morto…bem, quando te sentes morto sentes realmente que podes morrer. E há alguma coisa melhor que esse sentimento para te reinventares e voltares a viver?
Não me parece…

Vejo pinheiros bravos.
Troncos delgados, vergados para sul das nortadas
Espaços intercalados, movimentos sincronizados.
Em contra-luz ofuscante, não sei o que os define
Se a sua massa, se os espaços irregulares entre eles.

Funciona como as formas geométricas.
O que é o quadrado? O espaço interior delimitado? Ou o infinito que o envolve e ao qual falta aquele espaço rectangular perfeito?...O que é? O que não é? Ai, a matéria…a matéria…

5 Comments:

Blogger Escritora said...

Gostei essencialmente da tua visão do cigarro! Que ali pode estar um dos nossos antepassados...

Tem tanto de intrigante como "comico".

;)

12:29 da manhã  
Blogger farfalla said...

respondendo ao comentário da pantera eu acho que tem qualquer coisa de mórbido lol fumar os antepassados.... bom tb pode ser cómico se nos lembrarmos de filmes cm o scary movie s n estou em erro eheheheh

Gostei do texto. todo. sem mais a acrescentar. [caso contrário nasceria aqui um post lol]

_baci_

2:40 da manhã  
Blogger Aguarelas. said...

Tens razão, este texto é demasiado filosófico para eu ler a estas horas da noite, deixo para amanhã. Caso tenha paciencia pra ler de novo. :p

Beijinho (: *

4:03 da manhã  
Blogger Menina said...

Gostei do texto e do blog também =)

Bjs

9:57 da manhã  
Blogger Visconde said...

E pá, esse tabaco de enrolar anda-te a fazer mal ... eh eh eh.

Abraço

3:20 da tarde  

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