EM PÓ

[ e.ro.são sf (lat erosione) 1 Acto ou efeito de erodir. 2 Geol: Degradação produzida na camada terrestre por agentes externos. E. eólica: acção destrutiva do vento sobre as rochas. E. mecânica e química: a produzida por grandes oscilações de temperatura. E. pluvial: a produzida pelas chuvas. ]

Ando pelas ruas, e em cada local percorrido vejo olhares distantes, perdidos no vazio. Tento compreender o que vai na alma de cada pessoa, perguntando-me a mim mesmo se os outros me verão assim de igual modo.
Estamos desgastados, os filmes de há décadas que apresentavam o ano 2000 em guerras de mundos, de Homens contra máquinas, tornaram-se há muito realidade. Vivemos “robotizados” e o nosso planeta mãe é a sociedade viajante de alta velocidade.
As relações estão ocas, perdem sentido, perdem os pilares de sustentação…vivemos com uma arma apontada à nuca que nos diz que parar é morrer…Isso leva-nos a entrar num frenesim que nos permite continuar a respirar sem nos apercebermos que a condição Humana vai esmorecendo.
Percorro os caminhos cheios de pó, que um dia foi areia, que um dia foi pedra, que um dia foi montanha, que um dia foi magma…que um dia já tinha sido pó.
Isso deixa-me profundamente triste, profundamente introspectivo…que sentido faz ver que, relações e pessoas que um dia formaram connosco montanhas são hoje mero pó perturbado pela mais suave das brisas?

Não deveria ser assim…mas é-o cada vez mais…e faz pena…hoje há coisas demais, oportunidades e ritmos, situações que nascem do nada…e assim reduzimos as pessoas a cinzas e atiramo-las ao ar, não nos interessando sequer que, por pelo menos uma vez na vida, nós e as cinzas éramos um todo, e que essa nossa parte nesse todo está também transformado em pó.