sábado, janeiro 23, 2010

O VALOR DO NADA (AQUILO QUE NÃO EXISTE)

A gula é um dos pecados capitais, é por isso que quando as pessoas cegam de fome comem a sopa azeda e, só depois de uma semana de valentes diarreias, é que se lembram de cuspir no prato, quando deviam cuspir na cretinice delas próprias, por serem gulosas demais e não cheirarem o que as está a empanturrar num festim de cegueira estomacal. Já cometi seis dos sete, mas o da gula ainda não. Isto deve acontecer porque nunca me propus a comer caramelos cujos meus dentes não fossem competentes para os devorar. Há muito que se diz por cá que quem tem unhas toca guitarra, é pena certas línguas afiadas não tocarem o pífaro de igual maneira.

Uma ausência é uma ausência, diferente de não presença. A ausência incomoda, a não presença é como a morte, quando morremos não sabemos que já morremos.

Não falo com as pedras que encontro nos caminhos, mas já falei com árvores e animais. Se algum dia me virem a falar com uma pedra é porque comi um cogumelo errado e sinto-me nessa altura sentado nele próprio. A pedra tem presença mas não andamos para aí a comunicar com ela. Mas que pedras apanham certas pessoas na cabeça que se dirigem constantemente a não presenças? A pedra é uma ausência, porque quando se apresenta dentro de um sapato damo-nos conta de que ela lá está. A cretinice está naqueles que se descalçam à procura dentro do sapato de uma não presença que os incomoda e não é pouco. Se há algo que para alguém não existe, não há forçosamente que descalçar coisa alguma. O que mói é lixado, mas é lixado como lixado é o pontapé que damos na pedra.

Não há perigo de atravessar o ar, o perigo vem do que o atravessa ao mesmo tempo que nós. Não cabe na minha cabeça ter uma mosca em cima de mim e não a enxotar. É o que faço sempre e preciso de saber urgentemente se alguém sabe de algum ser iluminado não sei lá muito bem pelo quê, que deixa a mosca atazaná-lo a seu belo prazer, deixa-la partir quando bem entende e que depois vem cantar a pulmões bem abertos que não incomodou mas espera que não volte. É não presença ou ausência?

Um vintém não vale nada, desconfio até que pouco mais que uma carcaça valeu quando valia alguma coisa.

Há uns tempos atrás um treinador de futebol referiu-se ao seu homólogo do clube rival dizendo que “na minha terra um vintém é um vintém, um cretino é um cretino”. Eu diria mais, um vintém nunca será um cretino e um cretino nunca valerá um vintém. Já fui algumas vezes cretino na minha vida, não preciso que me achem cretino quando não o sou. Até porque, verdade seja dita, mais cretino que um cretino, só quem dá ao cretino os três vinténs que tem.



11 Comments:

Blogger - Sílvia ♔ said...

Não anda não :x

3:54 da tarde  
Blogger - Sílvia ♔ said...

não anda ... andou :S

4:14 da tarde  
Blogger - Sílvia ♔ said...

Na minha cabeça sim.
Foi tudo muito recente.
Não se deixa de amar assim do nada, muito menos quando a relação foi quase 2 anos :x

4:18 da tarde  
Blogger - Sílvia ♔ said...

Tão cedo não me parece :S

4:21 da tarde  
Anonymous Sandi said...

Mesmo se fosses cretino, serias um cretino do mais alto gabarito!

Mesmo se fosses cretino, serias um cretino fantástico! Um cretino amado! E não só por mim... :P

Amo-te meu "cretininho" mais bom :D

5:18 da tarde  
Blogger Brinquinho da cantareira said...

BEIJINHOS ...
Antes de ir para o MEXICOOOOO UM BRINDE AO LAGARTO:)

8:07 da tarde  
Blogger Só Avulso said...

Exerci o meu direito de resposta em relação às tuas interrogações retóricas. Não queria estar a invadir o teu espaço uma vez que a resposta é um pouco para o grande...
Por isso, se te apetecer, vê lá no meu blog nos comentários do post em questão. :)

8:17 da tarde  
Blogger Só Avulso said...

A réplica ao teu segundo comentário está lá no canto habitual. :)

Isto já parece um círculo vicioso... lol

Vá, bom f-d-s!

9:23 da tarde  
Blogger the bloom girl said...

Bem, tenho pouco a dizer depois do que li, apenas que concordo com quase tudo. É a vida.

6:39 da tarde  
Blogger Coelha said...

Ei la... Entao? Este texto ja nao esta tao "Cor-de-rosa". Nao gostei nao!
Ai ai...
Nao tenho dor de cotovelo nao... So quero é que todos estejam felizes! Quando digo inveja, é uma inveja boa (aii quem me dera), nao má. Entendidos?
:P
Beijinhos*

9:43 da tarde  
Blogger Lua Nova said...

Ninguém é igual a ninguém.
belo texto.

9:50 da tarde  

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